sexta-feira, 25 de março de 2011

Não foi acidente!

Ouvi o pneu cantar, algo amargo passou pela minha cabeça. Meu pé tocou o chão, olho para o lado e vejo uma pessoa flutuando com sua bicicleta. Sim! Flutuando. Aquela cena durou muito tempo, mesmo tendo acontecido em apenas alguns segundos. Muitos voaram, mesmo sem asas. Quando entendi o que passou, havia pessoas atiradas no chão ao longo de mais de cem metros. Agora o amargo estava em minha boca.
Aquilo tudo passou diante dos meus olhos, assim como ainda hoje passa. Foi numa tarde cinza, havia chovido até poucos momentos antes de sairmos para a bicicletada. Nem sabia que pedalaríamos, mas pedalei, pouco, mas pedalei. Presenciei a noite chegar entre gritos de socorro, gritos de dor, de indignação. Gritos comprimidos pelo acelerador. Grito que nunca é ouvido. Noite adentro e muitos continuavam ali, estarrecidos, queriam justiça. Mais uma vez a voz da minoria será absorvido, encoberta pelo descaso das autoridades? A polícia insistia que foi um acidente.
Não! Dessa vez algo diferente aconteceu. O grito da “massa” foi ouvido por todos seus iguais. Poucos horas depois e o mundo estava sabendo da tentativa de assassinato coletivo que havia ocorrido. Placa, endereço, nome e foto de Ricardo José Neis estavam na boca das pessoas, gravados na alma. Todos clamando por justiça, até que sim, a justiça tardou, mas fez o seu trabalho. Agora a imagem daquele final de tarde fatídico deve estar gravado como um tormento na cabeça daquele elemento atrás das grades, assim como todas as vozes devem ecoar no mais profundo de seu âmago.
Esperamos, não de braços cruzados, que a justiça seja feita, e claro, tomando muito mais cuidado com os viris do acelerador. Mais amor! Menos motor! Esse é o lema da Massa Crítica que sai toda última sexta feira de cada mês do Largo Zumbi dos Palmares.

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